sábado, 3 de outubro de 2009

Cristiano era o filho caçula, ele tinha 11 anos, e os outros irmãos tinham idade aproximada, formavam uma escadinha, como se diz. O mais velho, Teodoro, era meio rebelde, saiu da escola em que estudava por discordar demais de muita coisa. Guilherme era meio surdo, quando falava, gritava. Quando estava apaixonado, ou muito empolgado com alguma situação, era um escândalo, berrava, a vizinhança toda ouvia e não gostava muito. Um outro era bem mais introspectivo, Tomas era capaz de divagar horas e horas sobre o amor, escrever sobre o amor, mas tinha dificuldade de dar um abraço, coisa que Guilherme não se cansava de fazer. Tomas amava transmitindo conhecimento. Tinha mais um, que se chamava João, era meio convencido, achava que o pai o tinha por filho mais especial, e para fundamentar essa conclusão mostrava algumas cartas que o pai tinha escrito, coisa que não irritava os outros filhos, as cartas eram as mesmas para todos. Eles apenas entendiam de modo diferente, o pai não era muito pragmático. Quando o pai via uma dessas discussões ria, se ela se inflamasse logo falava alguma coisa que deixava todos pensativos e quietos. Os irmãos eram bastante diferentes em alguns aspectos e muito parecidos em outros. Enquanto eles discutiam entre si, o pai os ensinava com muita paciência, como quem arruma uma mesa de ceia com esmero. Sempre faziam as refeições juntos, felizes por estarem juntos, embora tristes pelo irmão que não se sentava a mesa com eles.