sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Entreouvido por aí #2

O gringo, já cansado de tomar água de côco (abençoado cincunflexo), e suco de umbú, quis saber quanto custava a coca-cola; o ambulante poliglota mandou a letra:

"Uma árvore de real, tree real".




sábado, 7 de novembro de 2009

auto-ajude-o-próximo

Nessas analogias da auto-ajuda, fazer do limão limonada, comer os morangos, [quando se está num barranco entre onças e ursos famintos]. Nada disso me parece sensato, pra usar um termo bonito: Galhofa! Patacoada! Não sei se os sujeitos que escrevem os livros de auto-ajuda são ignorantes ou mal intencionados... Os livros de auto-ajuda ajudam a vida financeira de seus autores, editores, diagramadores, livreiros... Se a pessoa não escolhe o caminho da honestidade, das virtudes... Ficar pensando em fazer limonada das tramóias que ela atraiu pra vida dela é procrastinar. Não resolve nada. Penso que a ficção deveria ajudar a enxergar a realidade, não a entorpecer o interlocutor.

Só um desabafo, amor pra todos.

E vamos nos ajudar, pq os livros de auto-ajuda não dão conta da pós-modernidade.

Será que eu escrevi um texto de auto-ajuda? Medo de mim. hehe




terça-feira, 20 de outubro de 2009

Em tese, tinha se mudado há alguns meses de uma metrópole violenta para uma cidade pequena e tranqüila, foi daí que resolveu fazer um teste para saber se de fato tinha se mudado para uma cidade pequena e tranqüila, ou os tais fatos decretados acerca da cidade em que vivia não passavam de meras convenções. Foi embora de casa caminhando, e ciente de que passaria a noite toda fora tendo deixado a bicicleta ao relento, com uma corrente que prendia um pneu à uma barra do aro, assim, prendendo a coisa nela mesma, numa atitude um pouco lusitana, um pouco generosa com os meliantes. Facilitou a ação para qualquer ladrãozinho que por ali passasse. No dia seguinte, quando voltou, a bicicleta não estava lá. Esqueceu do experimento empírico que planejara e das suas possíveis conseqüências, praguejou, lembrou que de fato não se pode crer na raça humana! E por um momento pensou que todo aquele que era nascido no maldito vilarejo não era digno de confiança. Passado um tempo resolveu que não choraria os quatrocentos reais que a tinham surrupiado, que a matéria se corrói e evade. Assim, quando nos damos conta, somos roubados. Roubam-nos um amor, um sonho, uma esperança, e assim é todo o tempo. Estamos sós e nus, e os bens transitam promiscuamente entre mãos e lares, indo em algum momento para o depósito de lixo mais próximo, para que se transformem em alguma outra coisa, fundindo-se no fedor terrível de todos aqueles elementos químicos. Não sabemos nem ao certo se a matéria que vemos é real. Já não podia afirmar se algum dia tivera bicicleta, e se questionava se a caloi ceci que pedalava na infância não era fruto de algum movimento onírico da sua mente ou realmente existiu, perguntou-se se a criança da infância e a mulher de hoje tinham alguma coisa em comum mais do que a carga genética e uma ou outra coincidência. Perdida nos seus devaneios filosóficos já não sabia nem se existiam bicicletas, se existia dinheiro, se morava em alguma cidade, ou se morava no meio de um emaranhado de conexões ocultas, no meio não no sentido de epicentro, mais como que diluída, se questionava se de fato tudo estava interligado, teria sido ela mesma a agente do roubo? Passou-se um tempo e bateram na sua porta, era o vizinho avisando que tinha guardado a bicicleta para que não a roubassem.




sábado, 3 de outubro de 2009

Cristiano era o filho caçula, ele tinha 11 anos, e os outros irmãos tinham idade aproximada, formavam uma escadinha, como se diz. O mais velho, Teodoro, era meio rebelde, saiu da escola em que estudava por discordar demais de muita coisa. Guilherme era meio surdo, quando falava, gritava. Quando estava apaixonado, ou muito empolgado com alguma situação, era um escândalo, berrava, a vizinhança toda ouvia e não gostava muito. Um outro era bem mais introspectivo, Tomas era capaz de divagar horas e horas sobre o amor, escrever sobre o amor, mas tinha dificuldade de dar um abraço, coisa que Guilherme não se cansava de fazer. Tomas amava transmitindo conhecimento. Tinha mais um, que se chamava João, era meio convencido, achava que o pai o tinha por filho mais especial, e para fundamentar essa conclusão mostrava algumas cartas que o pai tinha escrito, coisa que não irritava os outros filhos, as cartas eram as mesmas para todos. Eles apenas entendiam de modo diferente, o pai não era muito pragmático. Quando o pai via uma dessas discussões ria, se ela se inflamasse logo falava alguma coisa que deixava todos pensativos e quietos. Os irmãos eram bastante diferentes em alguns aspectos e muito parecidos em outros. Enquanto eles discutiam entre si, o pai os ensinava com muita paciência, como quem arruma uma mesa de ceia com esmero. Sempre faziam as refeições juntos, felizes por estarem juntos, embora tristes pelo irmão que não se sentava a mesa com eles.


sexta-feira, 25 de setembro de 2009

voto consciente!

Alô povão, agora é sério. Chegando as eleições pra síndico do condomínio. É a hora do voto consciente. é o bonde do Jardim Pernambuco mandando um salve pros manos do Leblon, a galera de BH, na correria da Savassi! e os truta do corre nos Jardins, toda a galera jet set de Sampa! Salve, tamo fechado.

O mano Washington fez a letra do nosso jingle, não confundir com cumpadi Washington, quem fecha com nós é o Olivetto:


ah eu to bolado, ah eu to bolado. Bonde do Jota Pê! tem que ser respeitado!


Um salve pro Maneco. É nós, o pessoal da facção tá todo contigo. É nós, a novela tá bonita.





quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Isso aí é mais ou menos sobre o desapego ao trabalho e sobre essa paixão pelo samba. Mentira.
Parada na porta do ateliê, vejo uns homens caminhando com instrumentos. Cuíca, violão, pandeiro, cavaquinho... Interrompendo o andar do grupo, pergunto onde vai ser o samba. Me respondem que ia ser no asilo. Achei graça naquilo e perguntei se eles não iam fazer um outro samba, pro pessoal que já deixou de usar fraldas, mas ainda não voltou. Disseram que era só no asilo mesmo, que eu podia ir lá. Na hora eu decidi que não ia, mas daí eu olhei pro preto que carregava o violão, ele era magrelo, parecia o Cartola. Tinha cara de tocar muito. Eu realmente queria ver aqueles caras fazendo música, era um grupo grande, parecia bom. Eles eram velhos, não velhos da idade dos velhos de asilo, era mais o estilo, pareciam saídos da década de 40, pareciam muito aquela turma que freqüentava a praia de Ramos no tempo que Ramos era uma praia e não um cimentado estadual. E depois de ouvir o disco do Nélson Cavaquinho que estou usando diariamente, digo usando, porque é o verbo que costuma se associar ao vício, mas o fato é que eu tinha que ver aqueles caras tocarem, e pouco importava onde seria, já que eu sabia que ia estar em razoável companhia: sozinha.
Tranquei o ateliê e fui. Perguntei na padaria onde ficava o asilo. Como a história se passa no centro histórico de Paraty, eu posso dizer A padaria, O asilo. O cara da padaria me disse que o asilo era logo ali na frente, desconfiei. Achei que fosse ter de caminhar alguns minutos, mas era mesmo ali na frente. Uns trinta metros e eu já tava batendo na porta do lugar, conforme me orientaram. Uma velhinha veio, sorrindo, eu perguntei se eu podia ver o samba deles, ela disse que sim com muita simpatia. E ia ela mesmo abrindo a porta, eu achei que alguém da instituição abriria, e não um idoso, mas foi assim. Ela tinha tanta dificuldade pra abrir a porta, fiquei com dó da velhinha e nessa hora percebi que ela só tinha um olho. Comecei a achar ruim a idéia que antes me parecia mais que excelente: fechar o ateliê e ir pro samba. O cenário era estranho, não era triste, porque era um lugar aberto, o céu tava lindo, era uma tarde bonita, e não tinha muita gente. Pra ser específica, eram os sete caras da banda, três velhos espalhados pelo local, sentados, e eu. Sentei num banco do lado de uma cadeira em que um velhinho estava, ele sorriu pra mim, simpático demais. Comecei a achar aquele pessoal muito mais cheio de vida do que os meus amigos ranzinzas da adolescência. Apesar disso, era o samba mais desanimado que eu já vi, mas tenho certeza de que a ausência total de euforia era devido a quantidade de álcool que os velhos tem acesso, que é nenhuma. Pensei de voltar num outro dia e levar uma garrafinha da cachaça local para o velhinho simpático que não parava de me olhar com ar de garoto apaixonado. Mas logo me censurei da sandice, óbvio que eu não podia levar cachaça para os velhos, imagine se um morre por causa de complicação no fígado, eu nunca ia me perdoar, sepultei meu pensamento estúpido e comecei a prestar atenção, ah como eu queria saber tocar violão. Que instrumento orgânico, não precisa cabo, ampli, palheta... O velho que tava do meu lado, alegre, apontou pro cara do pandeiro e disse: “Ele bate bem.” Eu fiz que sim com a cabeça e sorri de volta. De repente o pessoal do grupo começou a cantar num uníssono, até então era só instrumental, a velhinha que me abriu a porta apareceu e começou a sambar, arrancando risos de todos, ela sambava tortinha, mas com o sorriso rasgado. Um cara do grupo falou alto: “É isso aí, gostei!” Durou alguns segundos, mas aquilo foi lindo, claro que ela não agüentaria dançar muitas músicas.
Eu continuaria ali mais tempo, não fosse o trabalho, resolvi ir embora, reabrir o ateliê. Estendi a mão pra me despedir do velhinho que estava próximo de mim, quando percebi a falta de dedos que ele tinha. Apertei sua mão e fui até a velhinha dizendo que “tava de saída”, nos abraçamos, ela me levou até a porta, perguntou meu nome, eu respondi e perguntei o dela, a velha disse: “Meu nome é Justina, o final é tina, me chamam de Tininha.” Daí eu disse: “Prazer, Tininha”. E num equívoco ela me agradeceu. Saí de lá com o coração cheio de um negócio muito bom. Enquanto andava ia julgando mal as pessoas que levaram aqueles velhinhos tão amáveis pra morar num asilo. Abro a porta do ateliê, toca o telefone, é minha vó. Eu não preciso nem dizer, ela já me pergunta se eu to ocupada, mecanicamente digo que sim e peço que ela me ligue em quinze minutos, mas antes de recomeçar o desamor de sempre resolvo conversar com ela: trinta minutos de conversa pra sarar um pouco a tristeza do seu acúmulo de vida, no fim das contas, rimos muito, ela tem um humor impagável quando a gente faz por merecer. A velha me diz umas pérolas que faço questão de tomar nota. É uma vantagem de se conversar ao telefone, você pode anotar o que a pessoa diz sem que ela tenha a menor idéia disso. E me conta do dia em que Nelson Rodrigues escreveu uma crônica sobre ela e minha mãe para a revista “O Cruzeiro”, na qual ele dizia que a juventude transviada também amamentava, a juventude transviada no caso era a minha vó. Que tarde ensolarada, quando acontece dessas coisas dá até pra gente fazer um esboço do tal amor ao próximo.



Ontem subiste
Eu desci
Hoje eu subo tu desces
É tão triste cair
Sorriste da minha dor
Este mundo é uma escola
Não se esqueça de aprender, meu amor

Ontem subiste
Eu desci
Hoje eu subo
Tu desces
É tão triste cair

Sorriste da minha dor
Este mundo é uma escola
Não se esqueça de aprender, meu amor

Ontem negastes a mão
Quando eu quis me levantar
Mas aprendeste a lição
E hoje estou pronto pra te ajudar
Hoje subiste eu desci
Hoje eu subo tu desces
É tão triste cair

(Nélson Cavaquinho)






domingo, 23 de agosto de 2009

Entreouvido por aí

"-Vem, Rackelly!"



Moça xingando moça, no XXVII Festival da Pinga de Paraty.




segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Excitações

Fervoroso que era, o filósofo Santo Agostinho, um tipo platonista-moderninho, clamava aos céus em altos brados: Senhor! Dai-me a castidade! Mas não agora...





No próximo post citarei Seneca, que é pra ficar ainda mais pedante, raso, e besta.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

O Vascaíno Metódico

Ataulfo era mais metódico que coroinha novo na paróquia, e quando decidiu tomar a decisão que mudaria para sempre sua vida, não agiu de forma diferente: organizou lista de compras, checou a previsão do tempo, o movimento das marés, fez mapa astral e o zizit a quatro.
Foi à boutique masculina mais careira da cidade e comprou um terno elegante, de corte meio antiquado, queria parecer sério, afinal seria uma ocasião solene e não queria parecer um desses veados que lotam a orla de Ipanema.
Fez a barba meticulosamente, olhou o relógio e ligou a televisão, o juiz tinha apitado o início de jogo, já fazia cinco segundos e o homem lamentou o atraso, perdera tempo demais em um pelo encravado perto do nariz. Terminado o jogo, nenhuma surpresa, mais uma vez seu vasco da gama era derrotado por um time que tinha menos torcida que campeonato de xadrez em casa de repouso. Pensou consigo mesmo que a vida andava monótona, mas a decisão que tomara mudaria pra sempre o curso da sua vida solitária cheia de pessoas inúteis, já estava quase tudo pronto, era domingo e ele estava ansioso para o grande dia.
O homem tinha uma vida boa, um apartamento legal, pessoas que o amavam a sua volta, seu time era bem ruim, mas o emprego até que era bom, a filha mais velha estava grávida de oito meses e ele seria avô pela primeira vez, a mulher estava radiante, mas Ataulfo tinha sempre aquela expressão permanente de frango defumado embalado a vácuo, não havia o que o fizesse contente, procurava em cada momento alguma fração de infelicidade que pudesse alimentar um não sei o que dentro dele, ainda quando criança, o pai deu a ele uma camisa do flamengo e o infeliz por opção decidiu virar vascaíno.
Ataulfo: um babaca qualquer que não satisfeito em ser mais um babaca, quis tentar a sorte como mártir. Metódico porém esquecido, não providenciou a tempo um ideal, e virou assassino da esposa, dos filhos e de dois ou três amigos que o amavam, em cada uma dessas pessoas, matou alguma coisa que nunca voltaria a viver, embora elas não soubessem dizer o que. Quando pulou do décimo quinto andar não ganhou nem uma notinha no tribuna de copacabana. Não sangrara muito e poucos conseguiam diferenciar seu cádaver que há tão pouco tempo era corpo, de um mendigo dormindo na calçada, tinha caído engraçado, meio que numa posição fetal, os passantes apenas desviavam e seguiam com suas vidas.


segunda-feira, 27 de julho de 2009

esse nome aí

olivetti lettera 82, é a máquina de escrever portátil que comprei tempos atrás numa chiquérrima feira de quinquilharias na belíssima, bucólica, e aprazível cidade de São Gonçalo, no pacato estado do Rio de Janeiro. Negociada em valor final de sete reais, fato esse que serve pra desmitificar a palavra e fazer da vida epifania: Provérbios 20:14 Nada vale, nada vale, diz o comprador; mas, depois de retirar-se, então se gaba.



sobre o amor ladrão

lasquera esse amor ladrão,
ê amorzim filho da puta!
levou embora o coração,
e as bolacha de araruta!



sexta-feira, 24 de julho de 2009

O Primeiro Encontro

Marcaram no saguão de um shopping center muito frequentado pelos jovens da cidade. Riverton tinha dezessete anos e Leididaiane treze, era a primeira vez que se encontravam sem que uma tela os separasse, sem que as palavras fossem digitadas por seus dedos, era a primeira vez que respiravam o mesmo ar, depois de duzentos e vinte e cinco mil quatrocentos e trinta e dois caracteres digitados. Quanta enganação lírica, evidente que os dois só se conheciam pela internet. Leididaiane ruborizou-se, imaginava Riverton um pouco mais alto, o rapaz batia no seu ombro, e ela não tinha mais do que um metro e sessenta, mas isso não impediu que seu coração palpitasse ao vê-lo, o garoto tinha as mãos suadas, e saudou a mocinha com um mais nervoso do que respeitoso beijo na face. Ele comentou que gostaria de convidar a moça para um cinema, mas ao sábado era impossível para ele, talvez pudessem voltar na quarta-feira, ou em outro dia da semana, na sessão promocional das quinze horas, a menina fez que sim com a cabeça, mas disse que para ela só a casquinha do mc donald’s já era muito “da hora”.
Pediram então, ele quis a mista, ela escolheu a de baunilha, pra variar, desde criança pedia a de chocolate todas as vezes, como que de modo automático, dessa vez decidiu pedir a de baunilha, como se realizasse um rito de passagem para a idade adulta, afinal era a primeira vez que era convidada para um encontro. Passara uma hora e meia decidindo se ia de babylook preta ou laranja. Nenhuma das duas matizes valorizava muito a sua tez afro-brasileira, mas ela não se dava conta disso. Optou pela preta e a combinou com uma calça jeans muito mais justa que a sociedade brasileira. Nos pés, sandálias de salto anabela, e no lugar de brincos bonitos: grandes argolas douradas. Sentaram-se numa mesa da praça de alimentação, foi quando tiveram o diálogo que segue:
-Você é bonita, err... Mas sua pele era diferente nas tuas fotos do orkut.
-Ah é verdade! Photoshop! Também gostei de você, mas quando a gente conversou com microfone pelo skype, eu não percebi que você tinha língua presa...
As perguntas dissimulavam a cobrança e eram feitas como se fossem colocações. Os dois fingiam buscar esclarecer suas dúvidas, e o faziam com certa vergonha manifestada em raros gaguejos e tremores na dicção. Era visível, talvez até risível, o fato de que os dois eram muito mais atraentes em seus universos virtuais.
-Você usa aparelho nos dentes há quanto tempo?
-Sempre usei nos dentes.
E riram. O rapaz emendou dizendo que fazia uma brincadeira, ele usava aparelho fazia uns três meses, as fotos do orkut eram mais antigas...
-Eu pareço mais gorda pessoalmente? –Riverton ficou nervoso, era evidente que sim, a menina parecia pesar mais de cem quilos pessoalmente, nas fotos tinha um corpo na sua concepção, até que maneiro. Resolveu ser sincero.
-Eu achava que você era um pouco mais magrinha.
Ela sorriu, um sorriso que agradecia a sinceridade e delicadeza do rapaz. Não tinham mais sorvetes, e o nervosismo tomava o lugar da falta de assunto, foi quando o pequeno anão lascou na boca da pequena baleia um beijo de fazer inveja a galã de folhetim do horário nobre. Muitos hormônios sacudidos depois, conversavam sobre as bandas de rock que gostavam em comum e passeavam de mãos dadas pelo shopping, um tempo depois, quando os dois já estavam no ponto de ônibus, o ônibus da moça chegava, o motorista estacionou no método kamikaze, e antes que ela entrasse no ônibus ele deu mais um beijo, dessa vez rápido, de despedida.
Em casa, Riverton decidiu bloquear a Choquito no msn, e a Choquito por sua vez deletou o perfil do Cebolinha do seu rol de amigos no orkut. Teriam sido mais felizes não fossem dois metidos a se achar grande coisa.